Professora da disciplina

Professora Bethania Medeiros Geremias

Participe das discussões, comente, reflita, avalie, se auto-avalie, critique, opine, sugira... Este blog é nosso! Um espaço de ensino-aprendizagem coletivo. Estamos todos aprendendo e ensinando sempre, não esqueça disso!
"A palavra progresso não terá qualquer sentido enquanto houver crianças infelizes". Einstein

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." Paulo Freire

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Seminário: "Níveis de Planejamento" e "Projeto Político Pedagógico"

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO – FAED

CURSO DE PEDAGOGIA

DISCIPLINA DE DIDÁTICA II

DOCENTE: BETHÂNIA GEREMIAS

ACADÊMICAS: JÉSSICA VIANA, JULIANA ROSA, NEOLI KUNRATH, SABRINA RIOS


Níveis de planejamento

Na educação escolar, podemos realizar planejamentos em diferentes níveis de abrangência. Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas.

Planejar é um processo que "visa a dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro”. É uma atividade que está dentro da educação, já que esta tem como características básicas: evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa, prever o acompanhamento e a avaliação da própria ação. Planejar e avaliar andam de mãos dadas.

Planejamento do Sistema de Educação

Planejamento Educacional é o "processo contínuo que se preocupa com o 'para onde ir' e 'quais as maneiras adequadas para chegar lá', levando em consideração a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto as do indivíduo" (PARRA apud SANT'ANNA et al, 1995, p. 14). Para Vasconcellos (1995, p. 53).

O planejamento do Sistema Educacional é o de maior abrangência, correspondendo ao planejamento que é feito em nível nacional, estadual ou municipal. Incorpora e reflete as grandes políticas educacionais. Enfrenta os problemas de atendimento à demanda, alocação e gerenciamento de recursos.

Planejamento Curricular

O planejamento curricular é criar objetivos educacionais a partir dos colocados nos guias curriculares oficiais. Cabe a escola nesse caso interpretar esses objetivos impostos e formular seu currículo. A escola deve procurar adaptá-los às situações concretas, selecionando aquelas experiências que mais poderão contribuir para alcançar os objetivos dos alunos, das suas famílias e da comunidade.

Projeto de trabalho

É o planejamento da ação educativa baseada no trabalho por projeto. São projetos de aprendizagem, que acontece num determinado período, geralmente de caráter interdisciplinar.

Planejamento Setorial

É identificado como um plano dos níveis intermediários ou dos serviços no interior das escolas. Ele deve fazer referencia ao PPP da instituição.


Conceito de Projeto Político-Pedagógico

O projeto político-pedagógico, também conhecido como Projeto Educativo, pode ser entendido como um sistematização de um processo de Planejamento participativo, é o plano global da instituição escolar, um utensílio teórico-metodológico que serve para interver e mudar a realidade necessária. Serve para organizar e integrar as atividades do ambiente escolar. Proporciona um envolvimento coletivo de construção de conhecimento.

Ele se constitui basicamente por 3 dimensões articuladas entre si: Marco Referencial, Diagnóstico e Programação. Não é fixo pode ser mudado de acordo com a necessidade atual da escola.


Relevância do Projeto Político-Pedagógico

Sua função é de ajudar a resolver problemas e transformar a prática, [...] “é uma metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ação de todos os agentes da escola”. ( Vasconcellos, p. 172)

O projeto trás como benefício principais; o rigor (qualidade formal) na qual procuramos desligar o “piloto automático” ajudando a enfrentar os problemas do caminho através de uma forma reflexiva, sistematizada, cientifica e participativa. A participação (qualidade política) que ajuda no compartilhamento de conhecimento e na interação dos criadores e executores.

A ética é um valor importante para a criação do projeto, atualmente o senso comum está muito presente no meio acadêmico, dificultando muitas vezes a elaboração do projeto fundamentado em teorias, acabando por se tornar algo sem função, apenas mais um papel na prateleira. “o Projeto Político-Pedagógico, quando feito baseado numa ausência ética, é Méthodos de transformação, tendo em vista expressar o compromisso do grupo como uma caminhada” (Vasconcellos, p.173)

A autonomia em questão de Projeto Político Pedagógico, acaba deixando as pessoas ainda um pouco desconfiadas, pois há a preocupação de que essa autonomia da escola tire o dever do Estado de auxilio e responsabilidade sobre o meio educacional.

O regimento deve partir do Projeto educacional. Ele deve ser criado de uma forma abrangente que possibilite uma maior flexibilidade na reestruturação da prática, facilitando as mudanças de acordo com a realidade da escola.


Visão geral do Processo

Principais pontos de elaboração e execução: Surgimento da Necessidade de Projeto; Decisão inicial de se fazer; Trabalho de Sensibilização e Preparação; Decisão Coletiva; Elaboração - Marco referencial, Diagnóstico e Programação; Publicação; Realização Interativa; Avaliação - atualização do Diagnóstico; Reprogramação Anual; Avaliação de Conjunto; Reelaboração (parcial ou total).

A necessidade pode surgir de qualquer parte, da coordenação da direção dos professores, mais normalmente a decisão de iniciar o projeto é da direção. Mas antes que seja iniciado é necessária uma sensibilização, motivação de toda a comunidade para integra-los à tarefa, é importante essa interação para que haja um sentido no projeto. A questão da coletividade é essencial para há elaboração do projeto, não é necessária que todos os participantes dominem todas as áreas abrangentes, mais sim a equipe.


Metodologia de trabalho para a elaboração do Projeto.

Princípio Metodológico de Elaboração: Pergunta; Perguntamos para estabelecer um desafio que ele a uma reflexão, temos que lembrar que a pergunta não é neutra, ela surge através da realidade, isso nos leva a importância de fazermos a pergunta certa para obtermos resultados positivos.

Questões das Contradições Internas ao Projeto; O surgimento de contradições é normal, porém não podemos deixar de prestar atenção nelas e debatê-las antes de continuar com uma nova discussão.

Questão de Aproximações Sucessivas; o autor afirma haver varias formas de se constituir o “PPP”, as vezes as pessoas ficam presas a processos metodológicos desses e acabam se afastando do sentido do Projeto. “Preferimos um outro caminho, qual seja, a construção paulatina, o aperfeiçoamento progressivo, à medida que o grupo vai elaborando, realizando, avaliando e reelaborando seu projeto”.

Questão do tempo; não devemos nos dedicar ao perfeccionismo, e sim nas coisas possíveis de ser feitas. O tempo de revisão varia de acordo com a parte, o marco referencial deve ser revisado entre 3 e 4 anos, enquanto o diagnostico e a programação devem ser atualizada e revisadas anualmente. É importante que o projeto esteja pronto ou revisado antes do fim do ano.

Dupla necessidade: Projeto e Competência Pedagógica; O “PPP” não serve como um manual para disser qual forma de alfabetizar é a da escola, mas sim uma base teórica na qual poderemos julgar de qual forma ela é feita. “O Projeto Político-Pedagógico dá consistência, articulação e sentido de conjunto para os Projetos de Ensino dos professores”, cabe a Competência Pedagógica o referencial teórico de cada especifico de cada dimensão do trabalho.

O que pode dificultar a elaboração do projeto Politico-pedagógico? Comodismo por parte dos sujeitos; Imediatismo; Perfeccionismo; Formalismo; Mera reprodução do novo senso comum pedagógico; Nominalismo; Falta de experiência; Falta de condições, entre outros.


Marco Referencial

É a tomada de posição da instituição que planeja em relação a sua à sua identidade, visão de mundo, utopia, objetivos, compromissos. No marco referencia procuramos expressar o sentido do nosso trabalho e as grandes perspectivas para a caminhada.

O Marco Referencial é composto de três grandes partes:

1º Marco Situacional: É uma visão geral da realidade. O momento da análise da realidade mais ampla na qual a instituição esta inserida.

2º Marco Filosófico ou Doutrinal: É para onde queremos ir. È a proposta de sociedade, pessoa e educação que o grupo assume. Este processo da oportunidade tanto de explicação, quanto de debate e busca de um consenso mínimo.

3º Marco Operativo: Que horizonte queremos para nossa ação. Expressa o ideal da instituição, tendo em vista aquilo que queremos ou devemos ser (utopia meio). Devemos organizar perguntas para tendo em vista os aspectos fundamentais da vida da escola.

O Marco Operativo diz respeito a três grandes dimensões:

a) Dimensão Pedagógica: o processo de planejamento, o currículo, os objetivos, os conteúdos, a metodologia a avaliação, a disciplina, o espaço de trabalho e etc.

b) Dimensão Comunitária: os relacionamentos na escola, o professor, o relacionamento com a família, o relacionamento com a comunidade, as atividades esportivas e culturais e etc.

c) Dimensão Administrativa: a estrutura e organização da escola, os dirigentes, os serviços, as formas de participação dos trabalhadores e etc.

Como fazer o Marco Referencial:

  1. Elaboração Individual: È o momento do posicionamento pessoal dos participantes, trata-se da contribuição de cada um e de todos para melhoria da instituição.

  2. Trabalho de Grupo: sistematização das idéias expressas individualmente tendo como critério fundamental para esta tarefa é a fidelidade as idéias de origem.

  3. Plenário: È o momento da partilha dos trabalhos, do debate, das decisões e dos encaminhamentos. Tendo três aspectos básicos para análise.

1º) Fidelidade: Cada um se reconhecera no texto

2º) Técnico: Este é um texto corrente para tal parte do projeto.

3º) Conteúdo: È isto que desejamos para nossa escola.


Diagnóstico

No Projeto Político-Pedagógico, o diagnóstico é entendido no sentido de localização das necessidades da instituição a partir da análise da realidade e/ou confronto com um parâmetro aceito como válido, e não através de uma perspectiva de mera classificação ou descrição. É o resultado da comparação entre o que se traçou como ponto de chegada (Marco Referencial) e a descrição da realidade da instituição como ela se apresenta.

O diagnóstico é um olhar atento que procura identificar as necessidades radicais, e para tanto há o confronto entre a situação que vivemos e a situação que desejamos viver para chegar a essas necessidades. Para que se faça o diagnóstico é necessário ir além da percepção imediata e problematizar a realidade, desta forma é preciso coragem para enxergar a nossa realidade como ela é.

Importante estar ciente de alguns fatores que interferem na construção do diagnóstico, como a falta de clareza nos critérios para análise dos dados e falta de tempo para reflexão, entre outros.

Como fazer o Diagnóstico

1) Elaborar o Instrumento de Pesquisa: resgatar os aspectos relevantes já trabalhados no Marco Operativo (Nível Pedagógico, Nível Comunitário e Nível Administrativo); decidir quais perguntas serão feitas;

2) Aplicar: usar mesma sistemática usada no Marco Referencial: um pedaço de papel para cada resposta. Não é preciso que todos respondam todas as perguntas, apenas se desejarem.

3) Sintetizar: agrupar as respostas e elaborar uma pequena síntese em forma de redação, relacionada a cada aspecto considerado acerca da instituição.

4) Plenário: apresentar a síntese, desencadeando um processo de discussão, que tem por objetivo um consenso sobre a leitura da realidade.

5) Captação das Necessidades: trata-se da identificação e entendimento sobre o que esta por trás daquilo que vai bem e do que não vai. Examina minuciosamente a realidade e procura enxergar quais são as faltas e as carências da instituição.


Programação

É o conjunto de ações concretas assumidas pela instituição, naquele espaço de tempo previsto no plano, que tem por objetivo superar as necessidades identificadas.

O problema que se coloca é o tipo e a qualidade de ação que irá se desenvolver. Precisamos chegar a uma ação que seja de fato significativa para a instituição, o que significa dizer uma ação possível e que atenda suas reais necessidades.

Toda escola tem a programação que deve pautar em dois critérios fundamentais, a necessidades e a possibilidade da ação. As necessidades estão no diagnóstico a partir disto, refletir as mudanças possíveis, a viabilidade da execução, muitas vezes a instituição terá que hierarquizar as necessidades.

Articulação do marco referencial, diagnóstico e programação, devem atender as reais necessidades das pessoas e da instituição. Para isso tem que acontecer uma interação entre elas. Precisamos de um bom Marco referencial, o horizonte para qual se caminha, para poder fornecer critérios para análise da realidade, possibilitando fazer um bom diagnóstico, ou seja, que nos traga bem presente as necessidades que precisam ser satisfeitas, a fim de guiar a Programação, resposta prática ás necessidades, na perspectiva de se atingir a Programação.

A programação deve estar atenta às varias possibilidades de propostas de ação que visam atender as demandas, que são basicamente quatro tipos. A ação concreta, linha de ação, atividade permanente e determinação.

No final, a avaliação e reelaboração do projeto são fundamentais para a análise do resultado esperado e se há necessidade de se rever algum ponto. Feito isto, e tendo como referência as necessidades já previstas e reelaboradas, parte-se então para programação do próximo período.


VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico – elementos para elaboração e realização. São Paulo: Libertad, 2006.

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